MENINA DE 9 ANOS CONFIRMA À DELEGADA QUE FOI ABUSADA PELOS PAIS EM SÃO JOÃO DA BARRA; “TIA ESTOU COM MUITO MEDO, ME AJUDA”

 
A Delegada titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), Juliana Buchas, concedeu uma entrevista coletiva com a imprensa no fim da tarde desta quinta-feira (18), para falar sobre o caso da menina de 9 anos, vítima de violência sexual e maus tratos pelos próprios pais em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. Os pais da vítima, indiciados pelo crime, foram presos nesta tarde em uma pousada no centro da cidade vizinha de São João da Barra. 

Durante a coletiva, a delegada afirmou que desde o momento que os policiais souberam do caso, as investigações foram iniciadas. No início, havia a confirmação somente dos maus tratos, porém, após relatos de médicos do hospital que a menina está internada, os agentes começaram a investigar sobre o estupro de vulnerável. 

“No primeiro momento, a gente não tinha ainda de fato se havia o crime de estupro. Então, procedemos até o hospital, onde foi feita a primeira tentativa de entrevista com a menina, com os profissionais que lá trabalham. Existia um relato da médica de que teria um provável abuso sexual dessa menina, além das questões de maus tratos. Assim prosseguimos com as investigações, houve um pedido de prisão um dia depois que tomamos conhecimento do fato com os poucos elementos que tínhamos, mas, a gente tinha certeza que os fatos estavam caminhando para esse lado”, falou a delegada. 

A delegada relata ainda sobre a prisão do casal. Eles foram encontrados em uma pousada, no Centro de São João da Barra. 

“Em um primeiro momento, até no pedido de prisão que foi no domingo, eu tinha a informação que eles haviam saído da casa e não tinha a informação do novo endereço. O advogado informou que de fato eles tinham saído da casa por conta das manifestações populares que estavam acontecendo. Eu tive o receio deles fugirem após o mandado de prisão, mas, de fato o advogado informou que eles iriam para SJB, informou o endereço e eles foram encontrados na pousada”, disse Juliana. 

A delegada destaca que o pai permaneceu em silêncio e negou todas as acusações. Já a mãe falou que protegia a filha e dava os devidos cuidados –“ o pai estava acompanhado do advogado e negou todas as acusações. A mãe tentou passar uma postura de muito cuidado com a vítima. Tinha uma sensação que existia um excesso de zelo por parte dos pais, e na verdade isso é uma impressão que os próprios pais tentavam dar (...) só que com os relatos que a gente foi ouvindo, da escola, ela não frequentava as aulas, neste ano, se eu não me engano, ela foi três dias para escola. A partir daí, percebemos que a proteção, não era verdade, o fato da mãe se mostrar protetora, era para encobrir o que a menina estava passando dentro de casa”, explicou a delegada.

INVESTIGAÇÃO

De acordo com as investigações, a delegada conta que, somente neste ano, a vítima deu entrada 12 vezes no hospital particular da cidade, e muitas delas sem motivo clínico aparente. Por último, ela se internou por conta de uma perda de peso de aproximadamente 10 KG. “Ela vomitava, não se sentia bem, não conseguia comer, já estava a uma semana sem tomar banho e um mês sem lavar o cabelo (...) chegou no hospital com o cabelo infestado de piolho e feridas na cabeça”. 

A princípio, a delegacia tratava como um caso de “negligência familiar” , no entanto, o abuso sexual foi constatado somente quando a vítima passou por exames com a ginecologista do hospital, que constatou, em primeiro laudo, o rompimento de 2 centimetros do hímen e abalaumento anal.

Em relato à médica da unidade, a vítima confirmou que os abusos eram praticados pelos próprios pais.”(...) A mãe introduzia o dedo, e o pai, não sabe se era o dedo ou a mão no anus dela (...) e ela ficava em posição fetal quando fazia isso.” Contou. 

Ainda de acordo com Buchas, os advogados dos indiciados chegaram a duvidar do resultado do laudo apresentado pelo hospital. Foi quando a vítima foi encaminhada ao CAC, onde foi realizado um novo exame com dois peritos, que constatou o mesmo resultado. 

A criança recebeu alta no hospital após quase 1 mês internada e foi conduzida para um abrigo na cidade. O inquérito policial foi finalizado e os autores do crime permaneceram presos à disposição da justiça. 


Fonte: NF Notícias

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