O filho de uma das vítimas do esquema que levou para a cadeia 11 pessoas, entre elas, provedor, ex-provedores, médicos e empresários, procurou a promotoria da cidade para relatar como seu pai, um idoso, de 87 anos, foi lesado.
“Em 2018, meu pai precisou fazer uma cirurgia de hérnia. Minha sobrinha entrou em contato com o médico Jeovah (um dos presos) que disse que faria a cirurgia por R$ 3,8 mil. Eu contribuí com R$ 633,00. Outros parentes ajudaram com a diferença. Na época, o médico disse que uma parte da cirurgia seria paga pelo SUS e a outra parte teria que ser no particular e que não aceitaria cheque como forma de pagamento”, disse o filho da vítima que apresentou um recibo do hospital no valor de R$ 2.090,00.
Para não atrapalhar as investigações, o AQUINOTICIAS.COM não vai divulgar alguns nomes que constam no processo.
Suborno
Na casa do empresário Carlos Alberto de Almeida, o “Carlinhos Boi”, dono de uma empresa que era responsável pela gestão da UTI da Santa Casa de Guaçuí, foi apreendido um caderno com anotações suspeitas. Em uma das descrições consta: “suborno a Zé Luiz/escritura”.
Na casa de Carlinhos Boi ainda foram apreendidos quase R$ 1 milhão em cheques e notas promissórias.
Quebra de sigilo bancário
Na casa de outro suspeito preso, o MPES apreendeu um extrato bancário onde aparece a realização de uma aplicação no valor de R$ 105 mil.
O extrato pertence a esposa do detido e a suspeita é que ela tenha sido utilizada como laranja para camuflar dinheiro desviado do hospital.
O Ministério Público pediu a quebra do sigilo bancário do casal.
Lucro na UTI
Outro documento que reforça a acusação do MPES de desvio de recursos do hospital comprova que a UTI obtinha lucros, o que é proibido.
O material apreendido mostra que em fevereiro/março de 2019, a UTI 1 teve um lucro de R$ 76.720,54, que foi distribuído em 10 cotas. Já na UTI 2, o lucro foi de R$ 17.808,93 em fevereiro/março. “Como os recursos públicos destinados às UTIs nunca visaram lucro, esse dinheiro é o que foi subtraído dos cofres públicos para o bolso dos sócios”, afirma o MPES.
Mortes
A Promotoria de Guaçuí vai solicitar à Polícia Civil, nos próximos dias, que instaure um inquérito para apurar mortes de pacientes do setor de hemodiálise na Santa Casa do município. Uma denúncia feita ao MPES revelou que, somente no ano passado, 16 pessoas morreram. Nos primeiros meses deste ano já foram registrados seis óbitos.
Presos
Ao todo, 15 pessoas são investigadas suspeitas de fraudes na Santa Casa. Destas, nove continuam presas preventivamente. São elas: o provedor da unidade José Areal Prado Filho, o superintendente Denis Vaiz da Silva Ferreira, o empresário Carlos Alberto de Almeida, o “Carlinhos Boi”, os médicos Eduardo José de Oliveira Almeida, Victor Oliveira Almeida, Jeovah Guimarães Tavares, Hélio José de Campos Ferraz Filho e Daniel Sabatini Teodoro, além do ex-provedor e atual vereador Valmir Santiago (PTB).
Nada a declarar
Em nota, o hospital informou que em virtude de o processo estar tramitando em segredo de Justiça, a Santa Casa de Misericórdia de Guaçuí não irá se manifestar sobre os questionamentos feitos pela reportagem.
“A entidade irá se pronunciar juridicamente e no momento oportuno. Ressaltamos que todos os serviços estão sendo mantidos normalmente”, disse a nota.
Fonte: Aqui Notícias
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