Enfrentando uma grave crise financeira, a diretoria do Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim (Heci) anunciou, ontem (04/01/2017), que a instituição pode reduzir serviços e até mesmo fechar a unidade de Itapemirim até março. Segundo as informações, a unidade de Itapemirim tem um déficit mensal de R$ 700 mil, mesmo valor registrado no hospital de Cachoeiro.
A diretoria do Heci, que esteve representada pelo superintendente Wagner Medeiros Júnior, pelo presidente do Conselho Elizeu Crisóstomo de Vargas, e pelo diretor clínico Fábio Bortolini, destacou que 90% dos atendimentos do hospital são de pacientes do SUS. Entretanto, o valor repassado ao hospital, que é filantrópico, foi reduzido em 5% de 2013 a 2016, sendo que os serviços aumentaram muito no mesmo período. Também foi destacado que a tabela de valores dos serviços do SUS está completamente defasada.
“A gente não pretende deixar de atender, mas precisamos equacionar a situação. Não tenho ainda as medidas necessárias, a equipe técnica está estudando. Mas, pelos mesmos valores que recebemos hoje, não poderemos manter os mesmos serviços”, afirmou Elizeu Crisóstomo, destacando que a crise econômica nacional agravou os problemas do hospital.
Wagner Medeiros destacou que o Heci é um hospital que realiza atendimentos de média e alta complexidade, e que, por isso, são atividades de alto custo. “Há um princípio muito propagado de que o importante é a quantidade de atendimentos no SUS, mas nós primamos pela qualidade. Ou a gente vai manter a sobrevivência do hospital dessa forma, ou continuamos do mesmo jeito e quebramos, como tem acontecido com outros hospitais filantrópicos pelo Brasil”, ressaltou.
Ainda segundo Medeiros, a instituição está buscando aportes financeiros para a unidade de Itapemirim com as prefeituras de Itapemirim, Marataízes e Presidente Kennedy, mas, se a situação não se resolver até março, a unidade será fechada. “Nós temos buscado parcerias em todas as esferas políticas, mas nem sempre temos sucesso. No caso dos municípios, tivemos um aceno de que vão ajudar, mas não ocorreu o mesmo com o governo estadual”, alertou.
Além do fechamento do hospital de Itapemirim, o Heci poderá reduzir o número de leitos de UTI em Cachoeiro e até mesmo interromper a coleta e o fornecimento de bolsas de sangue – um serviço que é de atribuição do Estado, mas cuja responsabilidade a entidade assume.
SALÁRIOS ATRASADOS
Com o déficit nas contas, os salários dos funcionários do Heci estão atrasados, e o 13º também não foi pago. Os atrasos tem afetado, sobretudo, a classe médica. Indagado se a categoria está disposta a esperar pelas negociações que estão sendo feitas, até março, Fábio Bortolini afirmou que a classe pensa de forma “heterogênea”. “A gente parte da premissa de que ou a gente atende bem, ou não atende. Os próprios pacientes do Sul do Estado veem o Heci como uma referência. Mas, infelizmente, durante todo o ano de 2016, mesmo com todo o diálogo, a situação se agravou. Eu não lembro, nesses oito anos em que eu trabalho aqui no Evangélico, de outro período que os salários dos funcionários atrasaram”, comentou Bortolini.
Fonte: Aqui Notícias
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